Hospital da Criança avança na implementação da escala de risco do paciente

O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) passou, nesta quinta (16) e sexta-feira (17), por visita técnica de equipe da Unidad Nacional de Oncologia Pediatrica (Unop) e St. Jude Children’s Research Hospital. O objetivo foi avaliar a implementação do projeto Evat na internação do HCB. Ao longo dos dois dias, a equipe se reuniu com os profissionais do hospital e visitou a internação oncohematológica.

De acordo com a oncopediatra Juliana Costa, capacitadora do St. Jude Hospital, a escala Evat é uma forma de avaliar pacientes a fim de identificar o risco de piora de cada um. “O objetivo é reconhecer o paciente que vai piorar clinicamente. Aplicamos dados, analisamos e classificamos em ‘verde’, se está tudo bem, ‘amarelo’, pode ser que vá complicar, e em ‘vermelho’, quando precisa de um médico à beira do leito e a enfermagem avaliando de hora em hora”, explica Costa.

A capacitadora ressalta que a metodologia permite à equipe assistencial perceber, com 12 a 14 horas de antecedência, que o estado de saúde de uma criança vai piorar. “Ensinamos como avaliar e medir erros, acompanhar pacientes que se complicam e vão para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, diz.

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Equipe de atendimento oncohematológico do Hospital da Criança passou por visita técnica de avaliação conjunta com profissionais da Guatemala, México e Estados Unidos | Foto: Maria Clara Oliveira/HCB

O HCB começou o processo de implantação da escala Evat em 2021, iniciando o treinamento da equipe de enfermagem para que os profissionais soubessem coletar os dados necessários de cada criança e fazer as análises corretas. Encerrada esta etapa, o hospital entrou em uma fase piloto de uso da metodologia, aplicando a escala a uma amostra de pacientes. “Agora estamos verificando o que funcionou, o que pode melhorar, para que possa ser implementada em toda a ala da oncologia”, conta Costa.

A diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, afirma que a visita técnica teve resultado positivo, em que a unidade hospitalar demonstrou ter evoluído bastante desde que iniciou o projeto. “Estou confiante de que este é um grande projeto de melhoria e capacitação da nossa enfermagem e do nosso cuidado em oncologia pediátrica”, garante. Agora, a equipe se prepara para implementar a escala Evat em toda a ala de internação oncológica. “Vamos passar 18 meses enviando dados para o St. Jude, para que ele nos monitore. Depois de 18 meses, faremos nosso próprio monitoramento”, explica Magalhães.

Para a gerente da Linha de Cuidado do Paciente Oncohematológico do HCB, Lorena Borges, a escala Evat é um benefício extraordinário, especialmente pelas particularidades das crianças em tratamento contra o câncer. “É uma criança que tem um manejo muito mais específico, que demanda muito da equipe como um todo. A ferramenta vem para agregar o serviço, então vamos enxergar esse paciente com um cuidado muito mais refinado, ser muito mais cautelosos nas condutas, no encaminhamento da criança para a UTI”, afirma.

A escala Evat utiliza dados coletados por enfermeiros e técnicos de enfermagem — por isso, a equipe capacitadora acompanhou os profissionais do HCB durante o trabalho, verificando como os sinais vitais das crianças internadas são coletados e inseridos no sistema utilizado para análise. A supervisora de enfermagem da ala de internação oncológica, Ana Carolina Bezerra, demonstrou a forma como o HCB realiza os registros dos dados necessários para o uso correto da Evat. “Já é uma rotina institucional nossa: fazemos a aferição de sinais vitais, lançamos no prontuário eletrônico do paciente e realizamos a escala. É uma oportunidade de melhoria, com cada vez mais qualidade para a criança”, conta a supervisora.

Múltiplos benefícios

Focada em obter melhores resultados no tratamento do paciente oncológico, a escala Evat pode ser adaptada para outras especialidades e traz benefícios, também, à equipe que a aplica e à própria gestão dos hospitais onde é adotada. “São vários ganhos: melhora na comunicação entre médico e enfermeiro, redução de mortalidade e de dias de UTI, redução de custos — porque, se o paciente entra menos grave na UTI, ele ocupa menos dias de leito, pode sair antes, pode evitar a utilização de recursos. É um impacto na gestão, economia de recursos”, diz Juliana Costa.

A capacitadora do St. Jude Children’s Research Hospital também explica que o necessário para a boa implementação da escala é, principalmente, a dedicação dos profissionais de saúde empenhados no atendimento das crianças: “O projeto não requer recursos financeiros, requer recursos humanos, que são a maior riqueza”.

Com informações do HCB

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